A fragmentação dos hábitats é caracterizada pela formação de ilhas da paisagem original, circundadas por áreas transformadas. Esse tipo de interferência no ambiente ameaça a biodiversidade. Imagine que uma população de onças foi isolada em uma mata pequena. Elas se extinguiriam mesmo sem terem sido abatidas. Diversos componentes da ilha de hábitat, como o tamanho, a heterogeneidade, o seu entorno, a sua conectividade e o efeito de borda são determinantes para a persistência ou não das espécies originais.
Uma medida que auxilia na conservação da biodiversidade nas ilhas mencionadas no texto compreende a
A) formação de micro-hábitats.
B) ampliação do efeito de borda.
C) construção de corredores ecológicos.
D) promoção da sucessão ecológica.
E) introdução de novas espécies de animais e vegetais.
A destruição e a degradação dos ecossistemas naturais são causas importantes do declínio da biodiversidade do planeta. Uma das formas de degradação é a fragmentação dos ecossistemas e de seus hábitats, ou seja, sua divisão em áreas menores e isoladas umas das outras por regiões transformadas pelo ser humano.
A redução da área do ecossistema e, consequentemente, dos hábitats leva ao isolamento de grupos de indivíduos que, antes, constituíam uma população única. Portanto, a fragmentação de ecossistemas leva à fragmentação das populações que nele vivem.
Dentre as consequências do isolamento, estão a redução do fluxo de genes e o aumento das chances de endogamia (cruzamento entre indivíduos aparentados, ou seja, geneticamente similares). Esses processos contribuem para diminuir a variabilidade genética das subpopulações isoladas. A longo prazo, essas modificações afetam a estrutura e os processos ecológicos dos fragmentos remanescentes, podendo resultar na extinção de espécies animais e vegetais.
Os grandes felinos, como as onças, que dependem de áreas extensas para obter alimentos e parceiros para reprodução, são especialmente afetados pela fragmentação de seus hábitats. Quando a área em que vivem é reduzida, verifica-se o rápido declínio e extinção de suas populações.
Uma das formas de mitigar (reduzir) os efeitos negativos da fragmentação de um hábitat é a conexão entre os fragmentos por meio de corredores ecológicos. Também conhecidos como corredores de biodiversidade ou corredores de vida selvagem, constituem faixas de vegetação nativa que unem os fragmentos de um hábitat (Figura 1).
Corredores ecológicos fornecem uma série de benefícios que contribuem para reduzir os efeitos deletérios da fragmentação de ecossistemas. Dentre as vantagens dos corredores ecológicos, podemos citar:
a) contribuição para redução da fragmentação dos hábitats;
b) possibilitar a migração e a colonização dos fragmentos remanescentes por animais e vegetais;
c) reduzir a probabilidade de ocorrência de endocruzamentos e a consequente redução da variabilidade genética;
d) permitir o fluxo de genes entre as subpopulações de uma espécie;
e) aumentar a área disponível para busca de alimentos e de parceiros para reprodução.
A implantação de corredores ecológicos é, então, uma medida importante na redução dos impactos resultantes da atividade humana sobre os ecossistemas terrestres.
Análise das alternativas da questão proposta:
Alternativa A: incorreta. Um micro-hábitat é uma porção de um hábitat que contém os recursos ambientais necessários a sobrevivência de uma espécie em particular, ou seja, é a parte de um hábitat ocupado por uma espécie em particular. Em uma árvore, por exemplo, há espécies de insetos que encontram um meio adequado para sua sobrevivência na base do tronco, enquanto para outras espécies esse local encontra-se na parte superior da copa. Dessa forma, a base do tronco e a copa de uma mesma árvore constituem micro-hábitats diferentes.
Grandes felinos (como as onças), dependem de hábitats extensos para garantir sua sobrevivência e, nesse caso, a formação de micro-hábitats não produziria efeito positivo para conservação desses animais, pois, nessas áreas menores os recursos alimentares seriam insuficientes.
Alternativa B: incorreta. Efeito de borda corresponde ao conjunto de interações (entre as espécies e, destas, como o ambiente) observadas em áreas de transição entre paisagens distintas. Essas áreas de transição (onde se verifica o efeito de borda) recebem a denominação de zonas de ecótone (= ecótono). Quando há fragmentação de hábitats, passa a existir uma zona de ecótone entre o limite de um fragmento e a área modificada pelo homem. Na Figura 1 acima, o ecótone corresponderia à linha que separa os fragmentos de hábitat (em verde) da região degradada (em cinza). O efeito de borda desenvolvido nesses ecótonos resultantes da atividade antrópica, seria prejudicial à conservação da biodiversidade existente no hábitat original.
Alternativa C: correta. A construção de corredores ecológicos, como visto, contribui para conservação da biodiversidade por permitir o deslocamento de indivíduos entre os fragmentos de hábitat, garantindo a manutenção do fluxo gênico necessário à manutenção da variabilidade genética das espécies. Além disso, os corredores ecológicos aumentam a área disponível para busca de alimentos.
Alternativa D: incorreta. A sucessão ecológica pode ocorrer naturalmente ou como resultado de influência humana. Nesse processo, verifica-se modificação na composição das populações que constituem a comunidade de um ecossistema. Promover artificialmente a sucessão ecológica significa introduzir algum tipo de distúrbio para desequilibrar o ecossistema. Esse procedimento, muito provavelmente, gerará efeitos negativos sobre a biodiversidade.
Alternativa E: incorreta. Introdução de novas espécies contribuiria para acentuar a degradação do ecossistema. Essas espécies exóticas (ou alóctones), por não pertencerem originalmente ao ecossistema, poderiam competir com as espécies nativas (autóctones) pelos recursos alimentares já escassos, acelerando o processo de extinção dessas populações.
Onças isoladas se extinguem. Ideias isoladas também.
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