A seleção natural é o mecanismo evolutivo proposto por Charles Darwin para explicar como as espécies mudam ao longo do tempo. Ela atua sobre a variação presente em uma população, favorecendo os indivíduos com características que aumentam suas chances de sobreviver e se reproduzir em determinado ambiente. Essas características benéficas tornam-se mais comuns ao longo das gerações.

Na figura a seguir, observa-se uma população de besouros com duas variações de cor: vermelha e amarela. A cor vermelha representa o fenótipo selvagem, ou seja, o padrão original e mais comum na população. Já a coloração amarela corresponde a um fenótipo mutante, resultado de uma mutação genética espontânea que alterou a pigmentação desses indivíduos. Inicialmente, ambas as cores coexistem na população.

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No entanto, predadores atuam como agentes seletivos, localizando com mais facilidade os besouros vermelhos por serem mais visíveis no ambiente. Como resultado, os besouros amarelos, menos detectáveis, têm maior chance de escapar da predação. Essa vantagem se reflete na sobrevivência e, principalmente, na capacidade de reprodução. Com o tempo, os besouros amarelos deixam um número maior de descendentes, e sua frequência na população aumenta.

Esse fenômeno é chamado de reprodução diferencial, que consiste na diferença no número de descendentes deixados por indivíduos com características distintas. É a base sobre a qual a seleção natural atua.

A longo prazo, esse processo leva à adaptação. Uma adaptação é uma característica herdável que confere vantagem a um organismo em seu ambiente. Ela não surge porque o organismo “precisa”, mas porque, por acaso, variantes genéticas vantajosas estavam presentes e foram favorecidas por pressões seletivas específicas. A adaptação é sempre relativa ao ambiente: uma característica vantajosa em um contexto pode ser neutra ou prejudicial em outro.

Para que a seleção natural ocorra, é indispensável a existência de variabilidade genética. Essa variação pode manifestar-se em aspectos morfológicos, fisiológicos ou comportamentais. A figura abaixo ilustra um exemplo claro: o tamanho do abdome em formigas varia de indivíduo para indivíduo, indo de pequeno a grande.

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Essa variação pode ser influenciada por fatores genéticos e ambientais, mas o que interessa à seleção natural são as variações herdáveis, aquelas que podem ser passadas para os descendentes.

Dependendo do tipo de pressão seletiva presente no ambiente, diferentes padrões de seleção natural podem atuar sobre essa variação. Os três tipos principais são: seleção direcional, seleção disruptiva e seleção estabilizadora.

Na seleção direcional, ocorre o favorecimento de um extremo da distribuição fenotípica. O gráfico a seguir mostra um cenário onde formigas com abdomes maiores têm mais sucesso reprodutivo. Nesse caso, há um deslocamento da média populacional ao longo do tempo, pois os indivíduos com abdome menor deixam menos descendentes.

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Esse tipo de seleção é comum quando há mudanças ambientais que tornam uma característica extrema mais vantajosa, como o aumento da necessidade de armazenamento de nutrientes.

Na seleção disruptiva, como demonstrado na figura abaixo, os indivíduos intermediários são desfavorecidos.

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Tanto os abdomes pequenos quanto os grandes conferem vantagens específicas, como camuflagem ou eficiência energética, enquanto os de tamanho médio não oferecem nenhum benefício marcante. Como resultado, a população passa a apresentar dois picos de frequência fenotípica. Esse tipo de seleção pode, eventualmente, levar à especiação, caso haja isolamento entre os grupos extremos.

A seleção estabilizadora, representada no gráfico a seguir, favorece os fenótipos intermediários e elimina os extremos. Esse padrão é comum em ambientes estáveis, onde características médias garantem maior eficiência.

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Formigas com abdomes muito grandes ou muito pequenos apresentam desvantagens — seja por gasto energético excessivo ou por baixa capacidade de armazenar recursos — e, portanto, deixam menos descendentes. A média populacional se mantém constante, enquanto a variabilidade diminui.

O figura a seguir sintetiza os conceitos discutidos, comparando os diferentes padrões de seleção natural e suas consequências sobre a distribuição de fenótipos ao longo do tempo.

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A seleção natural é o elo entre variação genética e adaptação evolutiva. Por meio da reprodução diferencial, ela direciona a evolução, tornando mais frequentes os traços que favorecem a sobrevivência e o sucesso reprodutivo. A existência de diferentes tipos de seleção natural revela a complexidade dos caminhos evolutivos, mostrando que as populações não evoluem de maneira uniforme, mas sim em resposta às exigências específicas de seus ambientes.

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