Arquivo da categoria: Imunologia

QUESTÃO ENEM RESOLVIDA: IMUNOLOGIA | VACINA CONTRA O CÂNCER

O protozoário Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas, pode ser a nova arma da medicina contra o câncer. Pesquisadores brasileiros conseguiram criar uma vacina contra a doença usando uma variação do protozoário incapaz de desencadear a patologia (não patogênico). Para isso, realizaram uma modificação genética criando um T. cruzi capaz de produzir também moléculas fabricadas pelas células tumorais. Quando o organismo inicia o combate ao protozoário, entra em contato também com a molécula tumoral, que passa a ser vista também pelo sistema imune como um indicador de células do protozoário. Depois de induzidas as defesas, estas passam a destruir todas as células com a molécula tumoral, como se lutassem apenas contra o protozoário.

Disponível em: http://www.estadao.com.br. Acesso em: 1 mar. 2012 (adaptado).

Qual o mecanismo utilizado no experimento para enganar as células de defesa, fazendo com que ataquem o tumor?

A) Autoimunidade.

B) Hipersensibilidade.

C) Ativação da resposta inata.

D) Apresentação de antígeno específico.

E) Desencadeamento de processo anti-inflamatório.

O sistema imune é bastante eficaz em sua tarefa de impedir que agentes causadores de doenças (patógenos) e células cancerígenas proliferem no organismo.

Um dos meios de prevenir doenças é a vacinação. Uma vacina corresponde à uma solução que estimula a imunidade ativa contra certo patógeno sem que o indivíduo desenvolva a doença.

As vacinas, em sua forma tradicional, consistem em antígenos que permitem ao sistema imune “aprender” a produzir anticorpos contra certo agente causador de doença. O antígeno é uma molécula (como uma proteína ou carboidrato) localizada na superfície de um patógeno que estimula uma reação do sistema imunitário.

Os antígenos presentes nas vacinas são variados. Vacinas contra sarampo e caxumba, por exemplo, contêm vírus enfraquecidos (atenuados). Outras, tais como a vacina contra a hepatite A, contêm vírus inativados que não podem causar infecção. Vacinas como as utilizadas contra difteria e tétano incorporam uma toxina inativada produzida por patógenos bacterianos. Outras, como a vacina contra hepatite B, contêm apenas uma parte da superfície do patógeno.

Independentemente do tipo de antígeno que possuem, o objetivo das vacinas é permitir que o organismo adquira a capacidade de produzir anticorpos contra um agente sem desenvolver a doença por ele provocada.

No momento, apenas um poucas vacinas são usadas para prevenir o câncer. No exemplo citado no enunciado da questão, foi utilizada uma variedade não patogênica de Trypanosoma cruzi que foi geneticamente modificado para produzir certas moléculas presentes apenas na superfície de células tumorais. Como essa variedade de protozoário não causa a doença de chagas, pode ser inoculado com segurança no organismo para permitir o contato com as moléculas tumorais que, nesse caso, constituem antígenos. O contato com esses antígenos permite ao sistema imune produzir anticorpos contra eles.

Suponha, agora, que o indivíduo que teve contato com o T. cruzi não patogênico desenvolva um tumor. As células tumorais exibirão em sua superfície as mesmas moléculas presentes no protozoário. Isso significa que os anticorpos que o sistema imune se tornou capaz de produzir contra o T. cruzi serão eficazes no combate das células tumorais.

Visão geral da utilização de T. cruzi não patogênico como vacina contra o cancer.
Clique na imagem para ampliar.

O Trypanosoma cruzi não patogênico foi geneticamente modificado para produzir moléculas presentes apenas na superfície das células de certo tipo de tumor. Uma vez inoculado no organismo, essa variedade de Trypanosoma cruzi não causará a doença de chagas por não ser patogênica, mas permitirá o contato com as moléculas tumorais (antígenos) possibilitando ao sistema imune “aprender” a produzir anticorpos contra elas.

Após o contato com esses antígenos, caso o indivíduo desenvolva o tumor, seu sistema imune rapidamente produzirá os anticorpos que irão eliminar as células doentes evitando o avanço do câncer.

O Trypanosoma cruzi não patogênico é apenas um veículo para apresentar ao sistema imune os antígenos (moléculas tumorais) específicos contra os quais se deseja que o organismo se torne capaz de produzir anticorpos.