QUESTÃO ENEM RESOLVIDA: ECOLOGIA | MIMETISMO

O polvo mimético apresenta padrões cromáticos e comportamentos muito curiosos. Frequentemente, muda a orientação de seus tentáculos, assemelhando-se a alguns animais. As imagens 1, 3 e 5 apresentam polvos mimetizando, respectivamente, um peixe-linguado (2), um peixe-leão (4) e uma serpente-marinha (6).

Do ponto de vista evolutivo, a capacidade apresentada se estabeleceu porque os polvos

A) originaram-se do mesmo ancestral que esses animais.

B) passaram por mutações similares a esses organismos.

C) observaram esses animais em seus nichos ecológicos.

D) resultaram de convergência adaptativa com essas espécies.

E) sobreviveram às pressões seletivas com esses comportamentos.

Os animais exibem variadas estratégias para fugir de seus predadores. As táticas podem envolver características físicas, substâncias químicas, colorações de advertência, camuflagem e mimetismo.

As características físicas que reduzem as chances de uma presa se tornar alimento de um predador abrangem porte avantajado (como nos elefantes), estrutura corporal adaptada à velocidade e à agilidade (gazelas, por exemplo), bem como carapaças (observadas em caracóis e tatus, por exemplo).

Os mecanismos de defesa química podem envolver, como ocorre em certas espécies de peixes, a liberação de sinais químicos de alarme que, quando percebidos por outros animais da mesma espécie, provocam reações de fuga. Certos artrópodes, como percevejos, produzem secreções cujo odor repele potenciais predadores. As toxinas estão presentes como mecanismos de proteção em variados grupos de animais como, por exemplo, abelhas, vespas e rãs.

As presas que produzem toxinas geralmente exibem coloração vistosa. Essa coloração serve como advertência aos predadores, que podem evitar tais presas. O mesmo recurso pode ser utilizado por animais impalatáveis (isto é, cujo sabor é desagradável) para advertir sobre essa característica e, consequentemente, desencorajar potenciais predadores. O mecanismo de proteção que envolve coloração de advertência denomina-se aposematismo.

No aposematismo, a coloração propriamente dita não constitui uma defesa, mas uma sinalização aos possíveis predadores de que o animal é tóxico, impalatável ou oferece algum outro tipo de ameaça.

Outra forma eficaz de proteção contra a ação de predadores é a camuflagem. Nesse caso, a presa exibe forma e/ou coloração que a confunde com o meio onde se encontra. Um exemplo simples é observado em gafanhotos, cuja coloração esverdeada permite que, em meio à vegetação, esse animal se torne menos evidente para seus predadores. Há, também, formas bastante bem mais elaboradas e complexas de camuflagem em outros animais (invertebrados e vertebrados).

Além das espécies que se assemelham ao ambiente onde se encontram, há aquelas que imitam a forma, a coloração ou, mesmo, o comportamento de outras espécies como meio de evitar ou desencorajar os predadores. Esse mecanismo denomina-se mimetismo (mimetizar = imitar). No mimetismo, a espécie a ser imitada denomina-se modelo, aquela que imita é o mímico (mímico = imitador).

Uma espécie pode mimetizar outra que seja tóxica ou impalatável. Nesse caso, o predador evita se alimentar desse organismo por confundi-lo com a espécie realmente tóxica ou de sabor desagradável. Esse tipo de mimetismo é classificado como batesiano.

Um exemplo de mimetismo batesiano é encontrado entre as borboletas monarca (Danaus plexippus) e vice-rei (Limenitis archippus). Durante a fase larval, a monarca se alimenta das folhas da planta Asclepias syriaca e acumula certas substâncias produzidas por esse vegetal. Tais compostos são inofensivos para a borboleta, mas, para as aves, são bastante tóxicas. Quando um pássaro se alimenta da borboleta monarca, as toxinas presentes no corpo desse inseto provocam uma reação extremamente desagradável, levando a ave à regurgitar o alimento. A partir dessa experiência, o predador aprende a evitar a borboleta monarca.

A borboleta vice-rei não possui toxinas em seus tecidos e, por isso, poderia ser intensamente predada pelas aves. Entretanto esse inseto, mimetiza a borboleta monarca e, dessa forma, evita a predação. Isso ocorre porque, partir do momento que o predador aprende a evitar a espécie impalatável ou tóxica (ou seja o modelo), ele evitará também a espécie imitadora (mímico) devido às semelhanças anatômicas e/ou de coloração.

Uma forma distinta de mimetismo é o mülleriano. Nele, uma espécie tóxica ou impalatável imita outra espécie igualmente tóxica ou impalatável.  O mimetismo mülleriano é eficaz pois, basta que o predador seja exposto a uma das espécies (ambas são impalatáveis ou tóxicas) e aprenda a evitá-la, para que essa aversão seja válida também para a outra espécie.

Todos os mecanismos de proteção analisados conferem vantagem seletiva para as espécies que os possuem. Dessa forma, contribuem para reduzir a probabilidade de predação e, como consequência, aumentam as chances de sobrevivência e de transmissão dessas características as gerações seguintes.

A questão proposta descreve um exemplo de mimetismo apresentado por certa espécie de polvo. Esse animal mimetiza três outras espécies (peixe-linguado, peixe-leão e serpente marinha). Pelos dados fornecidos, não é possível determinar se o mimetismo é batesiano ou mülleriano. Todavia, essa informação não é necessária para a resolução da questão.

O mimetismo (batesiano ou mülleriano), o aposematismo e a camuflagem são adaptações que diminuem a probabilidade de que o organismo que apresente qualquer uma delas sofra ação de predadores. Portanto, conferem vantagem evolutiva, na medida em que contribuem para a sobrevivência dessas espécies, ou seja, são características positivamente selecionadas. Como consequência, a chance de que as próprias características sejam transmitidas para as gerações seguintes também aumenta.

O mimetismo exibido pelo polvo é resultado de um processo de seleção natural no qual os indivíduos portadores dessa característica, por sofrerem menos predação do que aqueles sem capacidade mimética, tiveram mais chances de se reproduzir e transmitir a habilidade de mimetizar para seus descendentes.

A questão proposta solicita a razão evolutiva para a capacidade mimética apresentada pela espécie de polvo citada. Considerando o que foi exposto, conclui-se que o mimetismo constituiu uma característica positivamente selecionada e, portanto, aumentou as chances de sobrevivência dos polvos que a possuíam (alternativa E).

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