Arquivo da categoria: Zoologia

QUESTÃO ENEM RESOLVIDA: ZOOLOGIA | AVES

Grupos de proteção ao meio ambiente conseguem resgatar muitas aves aquáticas vítimas de vazamentos de petróleo. Essas aves são lavadas com água e detergente neutro para a retirada completa do óleo de seu corpo e, posteriormente, são aquecidas, medicadas, desintoxicadas e alimentadas. Mesmo após esses cuidados, o retorno ao ambiente não pode ser imediato, pois elas precisam recuperar a capacidade de flutuação.

Para flutuar, essas aves precisam

A) recuperar o tônus muscular.

B) restaurar a massa corporal.

C) substituir as penas danificadas.

D) restabelecer a capacidade de homeotermia.

E) refazer a camada de cera impermeabilizante das penas.

Filogeneticamente, as aves constituem um grupo de répteis, pertencendo à linhagem dos dinossauros terópodes (da qual fazem parte, também, o Tyrannosaurus e Velociraptor). As principais características das aves estão diretamente relacionadas à capacidade de voo, como as enumeradas a seguir.

1. Corpo geralmente fusiforme, com quatro divisões: cabeça, pescoço, tronco e cauda. O pescoço é longo (com grande número de vértebras) contribuindo para o equilíbrio e facilitando a coleta de alimentos.

2. Epiderme recoberta por penas e escamas (pernas). Ausência de glândulas sudoríparas. A base da cauda (uropígio) contém a glândula uropigiana (produção de secreção oleosa para impermeabilização das penas).

3. Membros superiores convertidos em asas. Já os posteriores exibem variadas adaptações para empoleirar, caminhar ou nadar.

4. Ossos com cavidades contendo ar (ossos pneumáticos). Crânio com ossos fundidos e um único côndilo occipital. Mandíbula e maxilar cobertos por uma bainha córnea, formando um bico. Ausência de dentes. Costelas com projeções (processo uncinado) que conectam umas às outras, tornando a caixa torácica mais compacta e resistente. O osso esterno é bem desenvolvido e, nas aves com capacidade de voo, possui quilha.

Algumas estruturas do esqueleto das aves. Clique na imagem para ampliar.

5. Sistema nervoso bem desenvolvido.

6. Sistema circulatório fechado, duplo e completo com coração tetracavitário. Arco aórtico voltado para a direita. Hemácias (glóbulos vermelhos) nucleadas.

7. Alta taxa metabólica.

8. Endotermia

9. Sistema respiratório com pulmões levemente expansíveis, apresentando sacos aéreos localizados entre os órgãos e no interior de alguns ossos. Siringe (estrutura que possibilita a produção e emissão de sons) localizada próximo à junção da traqueia e brônquios.

Localização dos sacos aéreos. Clique na imagem para ampliar.

10. Sistema excretor com rim metanéfrico e sem bexiga. Os ureteres se abrem na cloaca (região comum com o sistema reprodutor). A urina é semi-sólida e contém ácido úrico como principal resíduo nitrogenado.

11. A fecundação é interna. Apresentam ovos amnióticos com muito vitelo e casca calcária rígida.

Uma das estruturas mais importantes para o voo é a pena. São constituídas por queratina e contribuem, também, para o isolamento térmico e para o dimorfismo sexual. Uma pena tipicamente apresenta os seguintes componentes: cálamo, raque (ráquis), barbas, bárbulas e hámulos.

Estrutura básica de uma pena. Clique na imagem para ampliar.

O cálamo é a região, na base da pena, que se encontra fixa na pele. A partir do cálamo, estende-se o eixo central denominado raque (ou ráquis).

A raque exibe uma série de ramificações muito próximas umas das outras: as barbas. Cada barba, por sua vez, apresenta suas próprias ramificações denominadas bárbulas. As bárbulas possuem, em suas extremidades, pequenos ganchos conhecidos como hámulos. Esses ganchos prendem-se a sulcos existentes nas bárbulas da barba adjacente. Devido a isso, a estrutura da pena torna-se resistente e, ao mesmo tempo, flexível. A superfície da pena (resultante da conexão entre as bárbulas) denomina-se vexilo.

As aves utilizam a secreção da glândula uropigiana, situada na base da cauda (região denominada uropígio) para manter suas penas limpas, flexíveis e, principalmente, impermeabilizadas.

Localização do uropígio.

A impermeabilização permite que as penas sejam expostas à água sem que fiquem encharcadas, o que prejudicaria a capacidade de voo (especialmente no caso das aves aquáticas). A ave pressiona a glândula uropigiana com o bico, transferindo a secreção oleosa para ele e, depois, espalha sobre suas penas.

Quando há vazamento de petróleo nos oceanos, muitas das aves que retiram seu alimento da água têm suas penas impregnadas por esse poluente. Uma das medidas para evitar a intoxicação (e morte) desses animais pelo petróleo é lavar as penas com detergente, de forma a retirar todo óleo presente nelas. Entretanto, esse procedimento elimina também a secreção lipídica proveniente da glândula uropigiana. Por isso, a ave submetida à lavagem com detergente não pode ser imediatamente liberada na natureza. É necessário que o animal tenha tempo de impermeabilizar novamente suas penas com a secreção da glândula uropigiana para que sua capacidade de voo e de flutuação não fiquem comprometidas.

A questão proposta solicita a razão pela qual as aves aquáticas expostas ao petróleo proveniente de vazamentos, mesmo após receberem uma série de cuidados, não podem ser imediatamente liberadas no ambiente.

Com o objetivo de salvar aves aquáticas vítimas de vazamentos de petróleo nos oceanos, adotam-se as medidas citadas no enunciado da questão, dentre as quais: lavar esses animais com detergente neutro até a completa retirada do óleo impregnado nas penas. Esse procedimento contribui para reduzir o risco de intoxicação. Entretanto, como consequência, o detergente pode eliminar das penas a secreção oleosa proveniente da glândula uropigeana. Essa secreção lipídica é responsável por impermeabilizar as penas. Isso permite que as penas sejam expostas a água sem que fiquem encharcadas e comprometam a flutuabilidade e capacidade de voo das aves aquáticas. Sendo assim, após o tratamento com o detergente, esses animais devem permanecer certo tempo em cativeiro até que refaçam a camada lipídica impermeabilizante de suas penas (alternativa E).