Em um grupo de roedores, a presença de um gene dominante (A) determina indivíduos com pelagem na cor amarela. Entretanto, em homozigose é letal, ou seja, provoca a morte dos indivíduos no útero. Já o alelo recessivo (a) não é letal e determina a presença de pelos pretos. Com base nessas informações, considere o heredograma:
Qual é a probabilidade de, na próxima ninhada do casal de roedores que está representado na figura pelos números 7 e 8, nascer uma fêmea de pelagem amarela (representada pelo número 11)?
A) 1/4 (25%)
B) 1/3 (33%)
C) 1/2 (50%)
D) 2/3 (66%)
E) 3/4 (75%)
Essa questão explora o tema dos alelos letais. Um alelo letal resulta em morte nos primeiros estágios do desenvolvimento. Devido a isso, a descendência de um cruzamento não segue as proporções fenotípicas mendelianas previstas.
Em 1905, o geneticista Lucien Cuénot relatou um padrão incomum de herança em camundongos. Cuenot havia cruzado dois camundongos com pelagem amarela e a descendência produzida apresentava 2/3 dos animais com pelos amarelos e 1/3 com pelagem não amarela. Era esperada a proporção prevista pela Primeira Lei de Mendel: 3/4 com o fenótipo dominante (pelos amarelos) e 1/4 com o recessivo (pelagem não amarela).
Para verificar se os camundongos amarelos da prole com proporção fenotípica não mendeliana eram homozigotos ou heterozigotos, Cuénot realizou cruzamentos-teste utilizando esses animais. Para isso, cruzou os camundongos amarelos com indivíduos cuja pelagem era não amarela. Na descendência, foram observados tanto camundongos com pelo amarelo quanto com pelagem não amarela. Sendo assim, ele concluiu que todos os camundongos com pelo amarelo eram heterozigotos.
A partir desses estudos, chegou-se à conclusão de que o alelo responsável por determinar o fenótipo “pelo amarelo” deveria ser letal em homozigose. Camundongos com genótipo homozigoto dominante morriam durante o desenvolvimento embrionário e, dessa maneira, todos os animais com pelagem amarela presentes na descendência eram heterozigotos. Esse fenômeno explica a diferença entre a proporção fenotípica observada (2:1) e a esperada (3:1).
É importante considerar que o alelo letal para os camundongos é dominante quanto à determinação da cor do pelo (pois se manifesta em heterozigose), mas é recessivo para letalidade, uma vez que somente provoca a morte quando em homozigose.
A figura a seguir ilustra o efeito de um alelo letal sobre a proporção fenotípica.
No heredograma apresentado pela questão proposta, todos os camundongos com o fenótipo “pelagem amarela” são heterozigotos (genótipo Aa), pois os animais homozigotos dominantes (AA), que também exibiriam pelo amarelo, morreram antes do nascimento. Isso ocorreu porque o alelo A é letal em homozigose, como informa o enunciado.
Dessa forma, o heredograma com a indicação dos genótipos de cada indivíduo ficaria assim:
A questão proposta solicita a probabilidade de, na próxima ninhada do casal de roedores 7 x 8, nascer uma fêmea de pelagem amarela (indivíduo 11). Para chegarmos ao resultado, é necessário considerarmos três pontos importantes:
1. Os indivíduos 7 e 8, cujo cruzamento irá produzir a ninhada, são heterozigotos (ou seja, têm genótipos Aa);
2. Para que um camundongo portador do alelo A possa nascer, é necessário que ele possua o genótipo Aa, uma vez que os animais AA morrem ainda no útero.
3. Devemos considerar, no cálculo da probabilidade, o sexo do animal.
A seguir estão os passos para a resolução da questão.
Neste blog, a letalidade genética é só conceitual.
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