
Estudo aponta que a extinção de preguiças-gigantes, cuja base da dieta eram frutos e sementes, provocou impactos consideráveis na vegetação do Pantanal brasileiro. A flora, embora não tenha desaparecido, tornou-se menos abundante que no passado, além de ocupar áreas mais restritas.
BICUDO, F. Jardineiros da pesada. Ecologia. Pesquisa Fapesp, ed. 231, maio 2015 (adaptado).
O evento descrito com a flora ocorreu em razão da redução
A) da produção de flores.
B) do tamanho das plantas.
C) de fatores de disseminação das sementes.
D) da quantidade de semente por fruto.
E) dos hábitats disponíveis para as plantas.

As sementes e frutos constituem características que contribuíram muito para a reprodução e a dispersão das gimnospermas (sementes) e das angiospermas (sementes e frutos). A semente é a estrutura que contém o embrião juntamente com as reservas nutritivas armazenadas no endosperma. Após a polinização e a consequente fecundação, o óvulo – estrutura reprodutiva presente em gimnospermas e angiospermas – origina a semente.
Para evitar a competição, é importante que as sementes sejam transportadas para germinar em locais distantes da planta que as produziu, em um processo denominado dispersão. Além de evitar a ocorrência de competição, a dispersão também possibilita a colonização de novas áreas pelo vegetal.
Devido à importância da dispersão, muitas sementes exibem adaptações que favorecem a ocorrência desse processo. Por exemplo, as sementes cuja dispersão é realizada pelo vento são muito leves e apresentam uma grande superfície, o que facilita a sustentação. De acordo com o agente que possibilita o transporte da semente, a dispersão pode ser:
a. anemocórica (quando realizada pelo vento);
b. zoocórica (dispersão por animais);
c. hidrocórica (transporte da semente pela água).
A evolução do fruto nas angiospermas foi um dos fatores que contribuiu para a grande diversidade e a ampla distribuição geográfica desse grupo de vegetais. O fruto contém uma ou várias sementes e, além de protegê-las, constitui um atrativo para que animais realizem a dispersão.
O Pleistoceno foi uma época geológica que se iniciou há aproximadamente 2,5 milhões de anos e terminou há cerca de 11.500 anos, quando chegou ao fim o último período glacial. Uma das características marcantes do Pleistoceno foi sua fauna de grandes mamíferos, mais conhecida como megafauna. Dentre os representantes da megafauna brasileira encontrava-se a “preguiça-gigante”.
Animais herbívoros, como a preguiça-gigante, eram agentes de dispersão de sementes e, por isso, fundamentais para a reprodução, diversidade e distribuição geográfica de muitas espécies de plantas do Pleistoceno. A extinção da megafauna, por eliminar muitos dos animais que se alimentavam de frutos e sementes, ou seja, que contribuíam para a dispersão, provavelmente limitou tanto a diversidade quanto a distribuição geográfica de espécies vegetais pleistocênicas. Esse evento possivelmente, produziu reflexos na flora atual.

O estudo citado pelo enunciado da questão proposta relacionou a extinção de preguiças-gigantes, pertencentes à megafauna característica da época geológica denominada Pleistoceno, com a redução da abundância e da distribuição geográfica da flora do Pantanal. Uma possível explicação para esse fato está na dieta das preguiças-gigantes. Esses mamíferos alimentavam-se basicamente de frutos e sementes. Sendo assim, eram agentes de dispersão de sementes. A extinção desses dispersores provocou impactos sobre a flora, pois restringiu a reprodução (diminuindo a abundância) e a distribuição geográfica de muitas espécies de plantas.

