Eutrofização: conceito, exemplos e importância no ENEM

O fenômeno da eutrofização envolve vários conceitos que o ENEM adora cobrar: ciclos biogeoquímicos, cadeias alimentares, fotossíntese, impactos ambientais e interpretação de gráficos. Aqui você vai descobrir como tudo isso se encaixa e por que esse é um dos temas mais prováveis da prova.

A eutrofização reúne, em um único processo, diversos aspectos muito valorizados no ENEM, como relações ecológicas, dinâmica dos ecossistemas, qualidade da água, atividades humanas e suas consequências ambientais. Além disso, é um fenômeno frequente no Brasil.

A eutrofização é um desequilíbrio que se desenvolve em etapas. Tudo começa com o uso intensivo de fertilizantes, passa pela multiplicação de algas e termina com a morte dos peixes. Cada fase revela a conexão entre ação humana e desequilíbrio ambiental.

Uma das causas mais comuns da eutrofização ocorre quando um lago ou reservatório recebe mais nutrientes (nitrogênio e fósforo) do que consegue processar. Em excesso, esses minerais estimulam o crescimento rápido de algas e cianobactérias, reduzindo a qualidade da água e comprometendo a vida aquática.

Mas, antes de entendermos o desequilíbrio, é importante lembrarmos como funciona um ecossistema aquático em condições normais.

Nesses ambientes, os nutrientes circulam de maneira contínua entre água, organismos vivos e processos de decomposição. Nitrogênio e fósforo chegam ao sistema pela decomposição da matéria orgânica, pelo transporte realizado pelos rios e pela fixação biológica realizada por microrganismos.

Produtores, como as algas, absorvem esses nutrientes para utilizá-los em processos metabólicos como a fotossíntese. A partir daí, eles fluem pela cadeia alimentar, passando por diferentes tipos de consumidores.

Quando os organismos morrem, bactérias e fungos entram em ação decompondo os tecidos e liberando novamente os nutrientes na água ou nos sedimentos. O ciclo se reinicia e mantém o ambiente funcionando de forma estável, com produtividade adequada e sem alterações que comprometam o equilíbrio ecológico.

A agricultura utiliza fertilizantes nitrogenados e fosfatados para aumentar a produtividade das lavouras. Esses compostos são essenciais para o crescimento vegetal, mas parte deles não é absorvida pelas plantas e permanece no solo.

Quando chove, a água da enxurrada (escoamento superficial) carrega esses nutrientes até os corpos d’água, como lagos, lagoas, rios etc.

Ilustração da eutrofização: fertilizantes nitrogenados e fosfatados da agricultura sendo carreados pela chuva para o lago, iniciando o processo de enriquecimento de nutrientes.

Mesmo sendo transportados para o ecossistema aquático em pequenas quantidades diárias, o acúmulo desses nutrientes é inevitável. Com o tempo, o excesso de compostos nitrogenados e fosfatados resulta na proliferação acelerada de organismos fotossintetizantes (algas e cianobactérias).

A eutrofização não ocorre de um dia para o outro, esse processo se desenvolve em uma sequência previsível de modificações.

Um dos primeiros sinais surge na superfície do ecossistema aquático: a reprodução acelerada de algas e cianobactérias forma uma camada densa, geralmente esverdeada. Esse acúmulo reduz a transparência da água e aumenta a turbidez — uma medida do grau de opacidade da água, devido à presença de partículas em suspensão, como células de algas, sedimentos finos e matéria orgânica. A elevação da turbidez dificulta a passagem da luz para as camadas mais profundas, limitando a fotossíntese à parte superficial da água.

Representação do aumento de algas e cianobactérias na superfície do lago durante a eutrofização, reduzindo a penetração da luz solar na água.

As algas situadas nas regiões superficiais continuam realizando a fotossíntese, enquanto os produtores que se encontram nas partes menos iluminadas morrem por falta de matéria orgânica e se depositam no sedimento do fundo. Toda essa matéria morta passa a ser decomposta por bactérias, cuja reprodução passa a ocorrer em taxas elevadas.

As bactérias utilizam oxigênio dissolvido na água para decompor a matéria orgânica. Quanto maior a quantidade de material para ser decomposto, maior é a necessidade (= demanda) de O2. Dessa forma, ocorre aumento da DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio). A DBO indica quanto de oxigênio está sendo utilizado para decomposição da matéria orgânica.

Diagrama mostrando a redução da zona iluminada e o aumento da decomposição no fundo do lago, com consumo de oxigênio dissolvido pelas bactérias.

Portanto, quanto maior a DBO, mais alto é o consumo do oxigênio dissolvido na água e, consequentemente, menor será a disponibilidade desse gás para outros organismos. Quanto mais algas morrem, maior é o consumo de oxigênio.

Com o tempo, as condições do ambiente tornam-se anaeróbicas, favorecendo microrganismos decompositores e espécies resistentes aos baixos níveis de oxigênio dissolvido.

Quando a concentração de oxigênio dissolvido cai a níveis críticos, a fauna aquática não consegue sobreviver.

Peixes mortos aparecem boiando, a água adquire odor desagradável devido à liberação de gases como metano e sulfeto de hidrogênio (H₂S). A superfície pode ficar coberta de espumas esbranquiçadas, sinais claros da eutrofização avançada.

Etapa final da eutrofização com queda do oxigênio dissolvido e morte de peixes, causada pelo excesso de matéria orgânica em decomposição.

Mesmo após cessar a entrada de nutrientes, o ecossistema pode levar anos para se recuperar, pois o sedimento continua liberando compostos nitrogenados e fosfatados lentamente.

– Os efeitos da eutrofização vão além do ambiente natural:

– Redução da biodiversidade e da pesca artesanal;

– Aumento do custo do tratamento da água;

– Proliferação de cianobactérias tóxicas, que produzem hepatotoxinas e neurotoxinas;

– Comprometimento do uso recreativo e turístico dos lagos.

Para evitar esses impactos negativos é importante realizar o manejo sustentável do solo, utilizar fertilizantes de forma racional, preservar as matas ciliares e promover o tratamento eficiente de esgoto doméstico.

A eutrofização é um lembrete silencioso de como pequenas ações humanas podem resultar em grandes modificações ambientais. O excesso de nutrientes, invisível a olho nu, inicia uma reação em cadeia que modifica a dinâmica da vida, o equilíbrio dos ecossistemas e o bem-estar humano.

Entender processos ecológicos é escolher ver o que normalmente passa despercebido

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