

A vacina, o soro e os antibióticos submetem os organismos a processos biológicos diferentes. Pessoas que viajam para regiões em que ocorrem altas incidências de febre amarela, de picadas de cobras peçonhentas e de leptospirose e querem evitar ou tratar problemas de saúde relacionados a essas ocorrências devem seguir determinadas orientações.
Ao procurar um posto de saúde, um viajante deveria ser orientado por um médico a tomar preventivamente ou como medida de tratamento
A) antibiótico contra o vírus da febre amarela, soro antiofídico caso seja picado por uma cobra e vacina contra a leptospirose.
B) vacina contra o vírus da febre amarela, soro antiofídico caso seja picado por uma cobra e antibiótico caso entre em contato com a Leptospira sp.
C) soro contra o vírus da febre amarela, antibiótico caso seja picado por uma cobra e soro contra toxinas bacterianas.
D) antibiótico ou soro, tanto contra o vírus da febre amarela como para veneno de cobras, e vacina contra a leptospirose.
E) soro antiofídico e antibiótico contra a Leptospira sp e vacina contra a febre amarela caso entre em contato com o vírus causador da doença.

A vacinação é uma forma de prevenção de doenças. Uma vacina, em sua forma tradicional, contém o agente etiológico morto ou atenuado, isto é, incapaz de causar a doença. Além disso, algumas vacinas contêm apenas uma parte desse agente, um fragmento de capsídeo de um vírus, por exemplo.
Por induzir a produção de anticorpos, o agente etiológico (ou parte dele) recebe a denominação de antígeno.
Ao longo da vida, caso o indivíduo não vacinado tenha contato com um antígeno, uma bactéria patogênica, por exemplo, irá desenvolver a doença que esse microrganismo provoca. Entretanto, o contato com esse antígeno, durante a evolução da doença, pode permitir que o sistema imunológico se torne capaz de produzir anticorpos contra esse antígeno. Em um futuro contato com o mesmo tipo de antígeno, o sistema imunológico responderá de forma rápida, produzindo de anticorpos em quantidades suficientes para impedir a instalação da doença. Nessa situação, o indivíduo está imunizado contra esse antígeno.
O objetivo do processo de vacinação é colocar o organismo humano em contato com o antígeno morto ou atenuado (sem que ocorra o desenvolvimento da doença) para que o sistema imunológico se torne capacitado a produzir anticorpos contra esse agente. Assim, ao longo da vida, quando esse indivíduo entrar em contato com o mesmo tipo de antígeno contra o qual ele foi vacinado, seu organismo será capaz de responder rapidamente, produzindo grande quantidade de anticorpos, neutralizando o organismo patogênico e impedindo o desenvolvimento da doença.
A Figura 1 apresenta o gráfico que demonstra a variação da quantidade de anticorpos no plasma após o primeiro e segundo contatos com o antígeno.
Observe que, após o primeiro contato com o antígeno, a quantidade de anticorpos no plasma não atinge o nível protetor, que é a concentração mínima necessária para garantir a proteção contra o antígeno em questão. Entretanto, essa etapa, denominada sensibilização, é muito importante, pois nesse período o organismo está se tornando capacitado a reconhecer o antígeno e a produzir anticorpos contra ele.
No segundo contato, com o organismo já sensibilizado, a resposta é mais rápida e intensa, com a quantidade de anticorpos atingindo valores bem acima do nível protetor. Nesse caso, o antígeno é neutralizado e a doença não se desenvolve.
A vacinação corresponderia ao primeiro contato (nesse caso, com o antígeno morto ou atenuado). Já o segundo contato seria por vias naturais, ao longo da vida do indivíduo.
O soro, diferentemente da vacina, é composto por anticorpos produzidos por determinado organismo (cavalos, por exemplo) e inoculados no ser humano com objetivo de neutralizar um antígeno instalado. Sendo assim, enquanto as vacinas são utilizadas para prevenção de doenças, os soros são usados para tratamento (terapia).
O soro é fornecido quando o organismo humano sofre a ação de um antígeno que pode matá-lo antes de o sistema imunológico tornar-se capacitado a produzir anticorpos contra esse agente nocivo. Um exemplo de antígeno, que pode ser letal antes de o corpo desenvolver anticorpos contra ele, é o veneno de cobra. Logo que uma pessoa é mordida por uma cobra, deve buscar o sistema de saúde para receber o soro com os anticorpos apropriados.
As etapas básicas para a produção de um soro antiofídico estão ilustradas na Figura 2.
Já os antibióticos são uma classe de medicamentos específicos para combater infecções causadas por bactérias. Esses medicamentos afetam o metabolismo desses seres procariontes inibindo o crescimento ou provocando a morte. A penicilina, por exemplo, provoca a morte da bactéria por inibir a produção da parede celular por esse microrganismo. Há, também, antibióticos matam as bactérias por meio da inibição da síntese de proteínas por esses organismos (Figura 3).


Considerando essas informações e os dados fornecidos no enunciado da questão, podemos afirmar que as orientações médicas adequadas estão na alternativa B: indicação de vacina como forma de prevenção contra febre amarela; soro para tratamento em caso de picada de cobra e antibiótico para tratamento da leptospirose, doença causada pela bactéria Leptospira.


